Guerra tarifária de Trump faz disparar o chamado 'índice do medo'; entenda
07/04/2025
(Foto: Reprodução) Para medir a turbulência, a Bolsa de Chicago tem um índice: o VIX - índice de volatilidade em português. Ele é aferido todos os dias e traduz a expectativa e percepção de investidores do clima político e econômico. Guerra tarifária de Donald Trump fez disparar índice do medo
A guerra tarifária de Donald Trump fez disparar o 'índice do medo' – é a medida do grau de incerteza dos investidores.
A economia pega emprestado da química o termo “volátil” para explicar esses tempos em que os mercados parecem sair do estado líquido para gasoso - bem mais difícil de conter. Para medir a turbulência, a Bolsa de Chicago tem um índice: o VIX - índice de volatilidade em português. Ele é aferido todos os dias a partir da variação dos preços das ações das empresas no chamado mercado futuro, e traduz a expectativa e percepção de investidores do clima político e econômico. Quanto mais alto, pior.
“É sinal que tem uma incerteza muito grande, ninguém sabe o que pode acontecer. Então, todo mundo atira para tudo quanto é lado. Tem gente que é mais otimista, tem gente que é mais pessimista. É o termômetro da turbulência. Então, se você viu um índice VIX alto, você sabe o seguinte: está vindo bagunça aí pela frente. E o bagunceiro todo mundo sabe quem é”, afirma Simão Silber, professor do departamento de Economia da USP.
O índice é reflexo do medo nos mercados. A linha histórica tem dois grandes marcos:
a crise do mercado imobiliário americano, em 2008, quando o VIX foi a 80;
e a pandemia, em 2020, quando passou de 82.
‘Tarifaço’ de Trump: entenda os principais episódios da semana e seus efeitos pelo mundo
Com o tarifaço de Trump na semana passada, o nível de stress mais do que dobrou e chegou na casa dos 45 pontos. Mais alto do que quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em 2022, por exemplo. E já aparecem outros sinais de incerteza fora dos mercados:
a alta nos preços de produtos importados nos Estados Unidos;
empresas multinacionais suspendendo planos de investimento.
“É medo. É aquela sensação do piloto indo decolar o avião sem visibilidade nenhuma. Ele até tem um aparelhinho que mostra, mas como ele não enxerga nada, ele não sabe o que vai acontecer daqui a um metro, ele prefere não decolar. Ou seja, porque o medo vai aumentando, a incerteza vai trazendo cada vez mais medo”, explica Rodrigo Marcatti, economista da Veedha Investimentos.
E é da natureza do medo paralisar:
“Primeira coisa é o seguinte: defensivamente, você corta investimento, corta emprego. Portanto, o primeiro termômetro que a gente deve ver nos próximos meses é no mundo todo uma queda na capacidade produtiva. É uma espiral para baixo”, afirma Simão Silber.
Bolsa de Chicago usa o índice VIX - índice de volatilidade, que traduz a expectativa e percepção de investidores do clima político e econômico
Reprodução/TV Globo
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